27ª Feira Internacional do Cooperativismo reforça atuação da Economia Solidária

A UNISOL Rio Grande do Sul marcou presença na 27ª Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop), no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheister, na Rua Heitor Campos, em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul. O evento representou a sua volta presencial, uma vez que em 2020, por conta da pandemia, aconteceu apenas de forma virtual.

A entrada foi gratuita, porém, para ingressar na feira, foi necessário apresentar o comprovante de vacinação, físico ou virtual, com pelo menos uma dose, além de fazer uso de máscara. Foi disponibilizado álcool em gel em diversos pontos da feira para os visitantes.

O sábado (9) foi de estreia na Feicoop do novo arcebispo de Santa Maria, Dom Leomar Brustolin. Ele prometeu apoiar a feira, que possui quase três décadas de história. “Não vou romper com a tradição, vou dar continuidade”, afirmou.

O religioso participou de um ato em homenagem às vítimas da covid-19, que também reuniu lideranças políticas e da área de educação. “A Feicoop é política sim, mas não partidária. É política porque busca um bem comum diferenciado capaz de ajudar todas as pessoas, especialmente aqueles que acreditam que é possível um mundo sem fome, com trabalho e educação. Espero que a Feicoop continue produzindo seus frutos”, disse Dom Leomar.

Feicoop luta, resiste, caminha e avança

A coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, irmã Lourdes Dill, ressaltou que a Feira não acontece sem parcerias. Ela disse que o evento faz parte de um processo caminhante, aprendente e ensinante.

“Quando fizemos a primeira edição foi no dia 1º de julho de 1994, dia em que começou o Plano Real. O pessoal disse para desmarcamos, mas não fizemos isso. A Feira sempre teve uma teimosia profética porque ela luta, resiste, caminha e avança”, afirmou irmã Lourdes.

A professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Gisele Guimarães, que atua na assessoria da Feicoop, destacou que a Feira recebe importantes valores de emendas parlamentares que fomentam a estrutura do evento. A UFSM atua com o apoio técnico, organizando espaços e elaborando projetos para que seja possível a captação de recursos.

“Existe um compromisso grande com o uso de recursos públicos, desde a elaboração do projeto à prestação de contas. Tudo o que acontece aqui tem uma perspectiva de dar visibilidade de como o dinheiro público é utilizado. Aqui temos um grande número de famílias gerando trabalho, renda e fazendo uma outra economia girar”, explica Gisele.

A UFSM tem diversos alunos bolsistas, da graduação e da pós-graduação, que atuam junto aos grupos de Economia Solidária de Santa Maria e região. Entre as ações realizadas este ano, destaque para o processo de aproximar os produtores do mundo digital, de forma que eles aprendessem a expor e comercializar seus produtos no ambiente virtual.

O reitor da UFSM, Paulo Burmann, que está em seus últimos meses de mandato, ressaltou que a instituição, sem dúvidas, seguirá apoiando a Feira, porque acredita na educação, na ciência e na vida.

“Acreditamos, sim, no trabalho que é feito aqui. Esse processo de caminhar, apreender e ensinar é a lógica da educação no país e que precisamos imprimir em todos os processos educacionais”, disse Burmann.

A nova reitora do Instituto Federal Farroupilha (IFFar), Nídia Heringer, também confirmou que a instituição seguirá caminhando ao lado da Feicoop. Estudantes de diversos campi do IFFar atuam na Feira. “Somos felizes por fazermos parte da Feicoop, em participarmos desses desafios. Esperamos que a 28ª Feicoop seja ainda maior”, desejou Nídia.

A Prefeitura de Santa Maria foi representada no ato pelo chefe do Gabinete do Prefeito, Alexandre Lima, que destacou a preocupação do Poder Executivo em respeitar os 27 anos de história da Feira. “Se Santa Maria é a referência em Economia Solidária, a Prefeitura não tinha que fazer outra coisa a não ser apoiar”, sintetizou Lima.

Comércio justo e consumo ético e solidário

A feira diferencia-se pela realização de práticas do comércio justo e consumo ético e solidário, trocas solidárias com moeda social e atividades de formação e interação. Não há consumo de cigarros e bebidas alcoólicas (vinhos e cervejas artesanais vendidos na Feira não devem ser consumidos no local) e a água não é comercializada durante o evento.

A Economia Solidária avalia que a água é um bem universal e um patrimônio da humanidade (são disponibilizados bebedouros com água filtrada nos pavilhões da feira).

Refrigerantes também não são vendidos. Os produtos oferecidos na Feira são de procedência ecológica. A organização do evento trabalha com a teoria e a prática, articulando campo, cidade e as diferentes culturas e etnias.

Plebiscito Popular

Plebiscito Popular sobre as Privatizações no RS foi também lançado, na manhã deste sábado, na 27ª Feicoop. A campanha é organizada por movimentos sociais e qualquer cidadão com 16 anos ou mais poderá votar no período de 16 a 24 de outubro. A iniciativa não tem valor legal, mas exerce pressão política e social, permitindo que a população expresse sua vontade política.

O objetivo é defender da privatização a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), a Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs) e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). “Este plebiscito popular, além do trabalho pedagógico e de uma reconexão com a sociedade, é para dizer que não vamos permitir a venda do nosso patrimônio público. Vamos resistir até o final do ano que vem, pois então virá um novo projeto de reconstrução do Rio Grande e do nosso querido país”, afirmou o deputado estadual Edegar Pretto (PT).

Também participaram do ato os deputados federais Dionilso Marcon (PT) e Elvino Bohn Gass (PT), e o deputado estadual Valdeci Oliveira (PT). A urna para votação ficou à disposição dos visitantes da feira. Haverá locais de votação em vários municípios que organizaram comitês.

Manifesto de Santa Maria

O Grupo Perspectivas para Economia Solidária no Brasil, formado por militantes históricos do setor, divulgou o Manifesto de Santa Maria. O documento, elaborado na 27ª Feicoop, visa contribuir para a 6ª Plenária do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES).

“Este manifesto se propõe a contribuir com a Comissão Organizadora Nacional, de forma a evitar que aconteçam desvios que contrariem a luta histórica do movimento de Economia Solidária”, diz trecho do documento.

O manifesto é dividido em seis itens: O Protagonismo do Fórum Brasileiro de Economia Solidária; Reafirmar os Princípios da Economia Solidária que incluam seus lutadores e impeçam propostas aventureiras; Fazer uma breve Análise Crítica da Ecosol em relação aos Governos Progressistas; Indicar quais são as tarefas da Economia Solidária no Brasil na conjuntura atual do país em relação à situação política, social, econômica e pandêmica; Indicar quais as formas organizativas e de mobilização do Fórum para se ampliar a presença da Economia Solidária do país; e do ponto de vista Político.

 

Fonte: Guilherme Oliveira e CUT-RS com Brasil de Fato RS

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