HISTÓRIA

O surgimento de inúmeras iniciativas econômicas de resistência dos trabalhadores a partir da recuperação de fábricas e empresas que não suportaram o processo de modernização no Brasil, especialmente na década de 1990, intensificou-se pela busca dos próprios trabalhadores em garantir o direito ao trabalho, construindo uma alternativa de geração de renda. Para isso, foram organizadas cooperativas nestas empresas falidas, diante do cenário de crise vivida pelo país, e garantidos postos de trabalho que estavam desaparecendo em decorrência da avalanche das políticas neoliberais.

Em março de 2000, aglutinando estas experiências, surgiu, baseada na ideia de união e solidariedade, a UNISOL SP, como resultado da vontade das cooperativas criadas com apoio de sindicatos, entre eles, o dos Metalúrgicos do ABC e de Sorocaba, e dos Químicos do ABC. Outra iniciativa da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, lançou, naquele mesmo ano, a Agência de Desenvolvimento Solidário – ADS, visando apoiar estas ações de cooperação e solidariedade para fomentar experiências práticas de gestão para o desenvolvimento local nas várias regiões do país.

A partir da integração e da demanda de outros estados, em 2003 é fundada a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários, a UNISOL BRASIL, de âmbito nacional, para levar adiante o projeto de inclusão econômica e social, de democratização nos locais de trabalho, de participação e de divisão justa dos ganhos gerados pelo próprio trabalho autogerido. Um total de 13 cooperativas do RS participaram da fundação da UNISOL BRASIL.

A partir desta data, iniciamos no RS a realização de encontros estaduais dos empreendimentos afiliados à UNISOL Brasil, ampliando o quadro de associados, em especial, de três setores: confecção, empresas metalúrgicas recuperadas e de catadores. Além disso, internamente fazíamos encontros setoriais e promovíamos a ampliação para outros segmentos: artesanato, alimentação e serviços. A Coordenação Estadual da UNISOL Brasil no RS, portanto, já fazia a discussão de uma organização central afiliada

No Congresso de 2007, levamos à pauta do encontro nacional da UNISOL Brasil a proposta de federalização, e com isso organizamos a UNISOL RS. A proposta, porém, não foi aprovada e sua estruturação com direção regional só foi admitida no Congresso de 2010. A partir de então, iniciamos o processo organizativo, concluído em 2012 com a instituição de uma afiliada da UNISOL Brasil em solo gaúcho com estrutura, direção, CNPJ. No processo de federalização da UNISOL Brasil, a federada do RS formalizada juridicamente é a segunda estrutura político-organizativa como base estadual.

Neste período, chegou-se a 45 cooperativas e empreendimentos afiliados organizados em setoriais: artesanato, agricultura familiar, metalurgia, vestuário, alimentação, serviços e catadores. A partir de 2012, a UNISOL RS se soma em todas as lutas estruturantes da Economia Solidária como alternativa ao sistema do capital e tem uma ação muito forte durante o Governo do Estado de Tarso Genro, de 2011 a 2014, na construção de uma política pública voltada para o fortalecimento da Economia Solidária como projeto de desenvolvimento e de inclusão.

A UNISOL RS, como parte da UNISOL Brasil, constrói-se em lutas próprias no para a consolidação de um marco legal, de fomento, reconhecimento e apoio desde os âmbitos municipal e estadual.

No primeiro período de gestão, a coordenação realizou atividades de estruturação de sede e estabeleceu uma base de consolidação e de integração aos movimentos sociais e outras centrais cooperativas, como a CONCRAB e UNICAFES, entidades que também buscam a democratização do acesso ao orçamento público e o fortalecimento de um polo da Economia Solidária na Agricultura Familiar, nos assentamentos da Reforma Agrária e nas organizações de Catadores e demais áreas.

A base legal no RS tinha a lei estadual, porém não conseguiu avançar na estruturação de um fundo de apoio, nem nos bancos públicos, nem nas cooperativas de crédito. As linhas de financiamento a estas iniciativas, que começaram a enfrentar dificuldades a partir dos anos de 2015 e 2016, foram essenciais, especialmente quando a estrutura democrática do estado brasileiro ingressou numa crise institucional e a Economia Solidária perdeu visibilidade, arcabouço legal e força econômica no orçamento público.

No RS, após 2014 nenhuma política pública lançou seu olhar para a Economia Solidária. Pelo contrário, passou-se a questionar até mesmo as iniciativas de apoio e fomento realizadas no governo anterior. 

Atualmente, a UNISOL RS prioriza a formação e organização de seus filiados, buscando recursos de infraestrutura, equipamentos e capacitação na autogestão e no trabalho.

A UNISOL RS é uma entidade de representação, formada por empreendimentos, associações e cooperativas da Economia Solidária, somando-se a todas as organizações que apostam e apoiam a Economia Solidária como estratégia de desenvolvimento.